
A recém-instaurada Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do NSS, criada para investigar o rombo bilionário no sistema previdenciário brasileiro, já nasce sob forte desconfiança e com sérios indícios de que pode terminar em mais um episódio de impunidade no cenário político nacional.
O senador Omar Aziz (PSD-AM) foi escolhido para presidir os trabalhos da comissão. Já a relatoria ficou a cargo da deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP). Ambos são nomes com forte ligação à base governista, o que levanta questionamentos sobre a isenção da investigação e a real disposição de se chegar aos responsáveis pelos desvios.

A escolha de Aziz, em particular, reacende memórias da CPI da Covid, em que ele também presidiu os trabalhos. Na ocasião, apesar da grande exposição midiática, a CPI ignorou temas de enorme relevância — como o escândalo envolvendo o Consórcio Nordeste, onde mais de R$ 200 milhões destinados à compra de respiradores simplesmente desapareceram. Mesmo com inquéritos policiais hoje em andamento sobre esse caso, a CPI optou por não aprofundar as investigações, o que gerou críticas de diversos setores da sociedade e colocou em xeque a credibilidade do processo.
A condução da CPI da Covid foi duramente criticada por se assemelhar mais a um “circo político” do que a um esforço sério de apuração. Não houve justiça para as famílias que perderam entes queridos durante a pandemia, muitas vezes por falta de leitos, insumos ou gestão. As verdadeiras causas e os principais responsáveis pela crise sanitária e administrativa ficaram sem respostas claras.

Agora, com o início da CPI do NSS, os mesmos vícios parecem se repetir. Para muitos analistas e cidadãos, trata-se de mais uma comissão que começa desacreditada, sem respaldo popular e sem sinais de que vá romper com o histórico de blindagem e corporativismo que marca a política em Brasília.
Diante disso, cresce o temor de que a nova CPI tenha um desfecho previsível: muito barulho, pouca ação e nenhum culpado. Em outras palavras, mais uma CPI que pode terminar em pizza, enquanto a população continua a arcar com os prejuízos.